Campanha da Fraternidade 2010 é lançada em São Paulo
Tema deste ano é "Economia e Vida".
Arcebispo de São Paulo espera que tema seja debatido durante eleições.
D. Odilo Scherer defende que candidatos apresentem política econômica socialmente justa e sustentável (Foto: Emilio Sant`Anna)
A Quarta-Feira de Cinzas é o dia que abre a Quaresma, período que antecede a Páscoa e, para os cristãos, momento de reflexão. Esta quarta (17) marcou também o lançamento da Campanha da Fraternidade 2010. O tema da campanha é "Economia e Vida" e o arcebispo metropolitano de São Paulo, d. Odilo Scherer, espera que seja discutido durante a campanha eleitoral deste ano.
"Espero que o tema seja debatido e que se discuta que tipo de política econômica os candidatos vão apresentar", disse d. Odilo, enquanto se preparava para o lançamento da campanha durante a missa de Quarta-Feira de Cinzas, na Catedral da Sé.
Esta é terceira vez que a Campanha da Fraternidade é organizada pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), entidade que congrega além da Igraja Católica, a Igreja Luterana, Anglicana, Católica Ortodoxa e Presbiteriana.
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Espero que o tema seja debatido e que se discuta que tipo de política econômica os candidatos vão apresentar "
O tema é atual, mas foi decidido antes mesmo da crise econômica. "Estamos saindo de uma crise global, mas ainda não a superamos totalmente", disse o arcebispo de São Paulo.
A proposta das igrejas filiadas ao Conic é que os cristãos repensem o modelo econômico vigente. Entre as ações propostas estão a luta em favor da tributação justa e progressiva, a auditoria da dívida pública, a adoção de políticas ecônomicas de distribuição de renda e o direito a alimentação.
Economia de comunhão, diz d. Odilo, é uma das formas de combater a exclusão social e a pobreza. Neste ano, Campanha da Fraternidade é realizada pelo Conic (Foto: Emilio Sant`Anna)
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A riqueza acaba se tornando um valor supremo, em nome do qual todos os outros valores acabam sendo sacrificados"
D. Odilo lembra que os cristãos não podem "servir a Deus e ao dinheiro" e que o enriquecimento e o acúmulo de bens não pode ser tratado com idolatria. "A riqueza acaba se tornando um valor supremo, em nome do qual todos os outros valores acabam sendo sacrificados", afirma.
A melhor forma de viver o tema da campanha, disse d. Odilo, é promover ações sustentáveis, como a prática da ecônomia socialmente justa, e que não agridam o meio ambiente, o que ele chama de "economia de comunhão". "Podemos promover formas de economia que visem, por exemplo, integrar grupos que estão socialmente marginalizados, o comércio eco-solidário, economia de comunhão, existem muitas formas de se promover uma economia menos individualista e mais solidária", afirmou.
A Catedral da Sé ficou cheia para acompanhar a celebração da missa por d. Odilo. Alheio à campanha e à missa, do lado de fora, Kléber Gomes, de 21 anos, era um entre os tantos moradores de rua que passam os dias na Praça da Sé. Há poucos dias, disse ele, completou um ano morando nas ruas de São Paulo.
Um ano morando nas ruas e dormindo em frente à Catedral da Sé. "Vim para buscar emprego, mas nunca encontrei nada", disse ele, que estudou até a oitva série.
Questionado se deseja retornar para Brasília, onde mora sua família, Kléber dá de ombros. "Querer mesmo eu queria era trabalhar", afirmou. "Mas se não der, um dia eu volto."
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