2ª Conferência: “A Família e a Festa”
(Padre José Fernandes de Oliveira, SCJ – Pe. Zezinho)
Nossa
Igreja afirma, mas também sabe reconhecer aquilo que ainda está
procurando. Somos uma Igreja exclamativa, mas também interrogativa. E
assim também a família deve viver. A família que vive entre o prazer e o
dever. O dever de amar que, às vezes, dói, e do prazer de amar que, às
vezes, é céu. Nossa Igreja não exige que ninguém seja doutor, mas se
você sabe ler, ela exige que você seja leitor. Saber ler a si mesmo, ler
o mundo em que os seus filhos vivem, ler a Igreja que você quer que
seus filhos assumam, a vida... Se não pensarmos como Jesus pensou, não
seremos capazes de amar como Jesus amou e nem de “viver como Jesus
viveu”...
A presença do pai ou da mãe marca um filho para o bem ou para o mal. lMuitos filhos não são resilientes,
ou seja, não são resistentes às pancadas da vida, inquebrantáveis, não.
Quem tiver um único bom motivo para ser feliz, porém, pode ser capaz de
encontrar a felicidade, ainda que tenha tido na vida muitos outros
pequenos motivos para ter esta felicidade destruída. Circunstâncias
traumáticas podem tornar você uma pessoa que apenas cumpre seu dever,
mas, se você for resiliente, transformará tudo isso em motivos para
fortificação no amor e no perdão.
Há famílias “droga” e famílias “antídoto” contra os venenos deste mundo.
Assim como há famílias que ensinam maus exemplos, há outras que são
capazes de curar. Há famílias de adrenalina, que vivem no estresse,
querem tudo agora; há as alucinógenas que vivem egoisticamente
alienadas; existem as famílias dependentes, que nunca conseguem
tomar seu rumo na vida por si mesmas, mas precisam sempre ter algo
injetado de fora, porque não tem resistência interna. Quantas famílias
são drogadictas de álcool, de drogas, do consumismo, de certos
pregadores... É, tem gente até dependente da religião no pior sentido,
num sentido doentio.
Lembremos que o amor é livre! O Vaticano é como se fosse dois braços
abertos: acolhe que quer entrar mas também não prende quem quer sair. É
um retrato do que é a Igreja: seja-bem vindo, mas se quiser ficar, vai
ter que ouvir o que papa diz. Se quiser ficar, assuma as conseqüências
do que é ser cristão.
Se cada oferta de prazer maior eu sigo, eu jamais estarei satisfeito. Hoje em dia, troca-se de casamento, de religião com uma facilidade... não entendem que só o dever bem cumprido leva ao prazer, e o prazer bem vivido pressupõe um dever. Somos gente que sobra porque não conseguimos caber-nos em nós mesmos. Não há espaço suficiente para os outros e ainda são espaçosos.
Se cada oferta de prazer maior eu sigo, eu jamais estarei satisfeito. Hoje em dia, troca-se de casamento, de religião com uma facilidade... não entendem que só o dever bem cumprido leva ao prazer, e o prazer bem vivido pressupõe um dever. Somos gente que sobra porque não conseguimos caber-nos em nós mesmos. Não há espaço suficiente para os outros e ainda são espaçosos.
Podemos falar em famílias antídoto, que sabem ser a resposta para o
veneno da sociedade. Um deles é o carinho e o prazer de ser pai, de ser
mãe, ainda que doa. Sentir prazer apesar de alguns sofrimentos: algumas
famílias souberam colocar o travesseiro da ternura para amenizar as
pancadas da vida. Baumann, que é ateu, cunhou o termo “líquido” para se
referir ao amor, à vida, à família... e essas realidades o são até certo
ponto, mas não podem deixar de ter também uma solidez,
ou, do contrário, jamais se sustentarão. Daí é que vem a solidariedade,
a sociedade só não cai porque há gente forte que a sustenta, segurando
os outros, são apoio sólido. Numa família sólida e solidária fala-se sem
gritos ou xingamentos, todos podem falar e ser ouvidos, como as
colunata do Vaticano. A autoridade não é autoritária. Muitos casais
passam por grandes desafios e são capazes de escolher bem, com solidez.
Por exemplo, pode não ser um grande prazer ter um filho anencéfalo, mas é
dever acolher os filhos que Deus nos der. E todo feto é filho!
Há momentos em que não é um prazer ser família, há sempre a tentação em
se buscar o mais fácil. Mas quando somos cristãos, muitas vezes o somos
por dever. Jesus não fez festa quando abraçou a cruz... Nos mostrou o
“sim, sim” e o "não, não” da vida. Olhemos os mártires que na hora da
dor assumiram o dever. Devemos viver sempre no equilíbrio, aprendendo a
descobrir o prazer até quando se está fazendo o dever. Fala-se hoje em
muitas eras: era romana, cristã, etc... Que era é a nossa? A “era do
click”? Da geração “www”? Era visual, midiática, líquida? Era da
infidelidade, do marketing, do dever sem prazer e do prazer sem dever?
Vamos ter que nos decidir, é preciso discernir como nunca nos dias de hoje. Desde a Gaudium et Spes
a Igreja já previa que comunicação da mentira tentaria com meios
ferozes suplantar a Verdade. As famílias católicas são as vozes da
Igreja em todos os ambientes. Católicos que sabem do que estão falando.
Há uma onda de mau humor varrendo o mundo e onde há mau humor, há mau
amor. O mesmo também acontece com as famílias. É preciso devolver o
humor, a alegria e o amor. A alegria de fazer sexo, de deitar na mesma
cama, de jantar na mesma mesa, de estar junto. Olhemos para a política:
parece que não há prazer a não ser em roubar. Nossas Igrejas precisam de
bom humor e bom amor.
Há prazer e alegria no “sim” e no “não” da vida quando entendemos a
mística de ambos. Não se desperdiça uma família, um filho, um marido,
uma esposa. Toda dona de casa sabe disso: se uma tangerina está com um
gomo podre, o resto ainda se aproveita. O conteúdo da sua mulher, ah...
você não vai achar outra igual. Os contornos não podem valer mais que os
conteúdos da pessoa. Queremos ser uma Igreja antídoto e uma família
antídoto. Quando vem o mundo a nos dizer “Isto é mais ou menos...”
teremos a coragem de dizer: “Isto é... Isto não é..”. Não podemos
brincar de “sim e não” de acordo com as vantagens. Somos uma Igreja que
afirma o matrimônio, a família, a vida, o ser humano. Somos uma Igreja
que não está sitiada entre o prazer e o dever, ela está situada nesta
posição. Somos braços abertos, como o Vaticano. Conheça sua Igreja!http://pastoralfamiliarrj.blogspot.com.br/2012/04/trazemos-agora-o-conteudo-da-segunda.html
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