Semana Nacional da Familia

Semana Nacional da Familia

domingo, 21 de agosto de 2011

I SIMPÓSIO DA FAMÍLIA (2)


FAMÍLIA E TRANSMISSÃO DA FÉ: PAIS PEDAGOGOS
(PADRE JOSÉ FERNANDES DE OLIVEIRA - PADRE ZEZINHO)



Há muitos estudos que abordam os impactos da cultura atual do sexo, da mídia, etc na família. Onde há exageros ou carências, a família paga o preço. Através dos filhos desestabiliza-se o casal, e através do casal desestabilizam-se os filhos.


DIÁLOGO E UNIDADE: Se Deus tem um sonho, podemos dizer que é o sonho da unidade (Jo 17, 21). E foi Jesus mesmo que deixou a santa pedagogia da unidade. Nunca poderemos ser como o Pai e o Filho são, mas podemos ser UMA família, UMA Igreja. Tudo o que aproxima nos leva mais perto do jeito de Deus. E isto começa através do diálogo.
A catequese do diálogo: diálogo é a capacidade de ver as coisas a partir do ponto de vista do outro. É buscar a essência com e a através do outro. Amor é diálogo, sexo é diálogo, família é diálogo. O diálogo só existe porque existe o outro, e ele é importante para mim.. Cria-se um “nós”, pois somos chamados a viver com e pelos outros. Família é uma sequência de laços, relações e reações. Boas relações ensinam boas reações. É preciso educar para boas relações, pois este é o princípio da transmissão da fé. Catequese é diálogo. Deus fez e faz isso conosco. Deus vai se relacionando conosco e nos ensinando como devemos viver.

INDIVIDUALIDADE E INDIVULDUALISMO: O mundo exalta o monólogo, salientando o “eu”, pois o “nós” parece seqüestrar nossa individualidade. Diz Jean Baudrillard que este mundo torna tudo fraccionado, sem visão de conjunto, sem mística do todo. Neste mundo sua família pretende ser um dos desafios. Todos os dias lutamos para fazer a partilha, o diálogo. Somos uma família Católica e sabemos que nem tudo nos é permitido. E nem tudo que é permitido nos convém.
O diálogo nos ensina que nem tudo nos é permitido. Diálogo pode até ser agradável, mas não e fácil. Exige sacrifícios e renúncia. A Igreja é como um semáforo verde, amarelo e vermelho. Fica mais tempo verde, mas quando é vermelho é proibido mesmo. A firme defesa da indissolubilidade do matrimônio, da vida desde a concepção... Quantos mudam de religião só para ter o sinal verde o tempo todo.
Ousamos ir além do efêmero. Ficar casado para sempre é impossível?! Como, se milhões conseguiram?! Ousamos afirmar: o sexo é para entrega plena dentro do contexto familiar. Não despreza os casamentos que não deram certo, mas não deixa de dizer a eles a verdade. Seremos capazes de amar os casais que se encontram nesta situação especial. Discordamos das opiniões dos gays, como eles discordam da nossa, mas não queremos viver com eles em discórdia pois os respeitamos em sua dignidade de seres humanos. Diremos sempre “não ao aborto, pois, para nós, filho nascido tem o mesmo valor que o filho gerado! É “nós ou eles” ou “nós com eles e por eles”?
A essencialização da fé passa pela essencialização do amor e a essência do amor é o diálogo.


FAMÍLIA SITUADA: só quem é situado sabe dialogar. Só casais bem situados diante da sociedade são capazes de dialogar porque não têm medo de ouvir o outro. As famílias de hoje não podem ser derrubadas com o vento. O casal desafiado acha saída nas horas difíceis, desafia o mundo com seus valores de católico! Não receberemos aplausos de um mundo que não admite que invadam sua liberdade, mas também não venham invadir o nosso púlpito!
Quem está sitiado e não sabe onde está, como vai saber onde está o outro?! Não se acha, como vai achar as palavras para se comunicar?!

CONCEITUALIZAR: Precisamos conceitualizar num mundo que vive de preconceito, modismo e assassina o pensamento. Os pescadores às vezes não entram no mar para pescar. Com sua simples sabedoria, sabem analisar pelo movimento das ondas quando não vale a pena ir mar a dentro. Assim, também há ondas do mundo nas quais não entramos. Aprendemos com nosso primeiro papa que era pescador.
O que nós católicos queremos não é o modismo, nem o comodismo. Seria muito mais fácil fazer coisas fáceis, doces, agradáveis... Precisamos deixar de ser uma igreja de tinturas, frases bonitinhas. Precisamos ter coragem dizer: “pode, não pode, concordo, não concordo...”
A Igreja vai tentando responder a cada novo desafio que se coloca. Precisamos conhecer ler e propagar as verdades da fé através dos documentos da Igreja.
A canção “Oração pela Família” nasceu da Familiaris Consortio. Não houve século em que o tema da família e da educação dos filhos não tenha sido abordado pela Igreja.
Se queremos que o mundo nos siga, então, teremos que ter uma opinião. A Igreja precisa de lares proféticos que nasçam das nossas alianças de casados, do compromisso do sacerdócio e da consagração. As alianças que usamos não são badulaques, nem miçangas ou paetês, mas símbolos e sinais, sim. Revelam que são compromisso, amor e dever.
Família: escola de santidade, de acese de renúncia, de alegrias, afetos, laços, de decisões, convivência, santidade. O casamento é o ato de ir, de estar juntos... Doar-se ao outro por reserva com o amor que vem do céu. O que é um vínculo, senão um diálogo?!
A separação fere os filhos e a sociedade, e o egoísmo dos dois destrói a essência. As exigências da fé tornaram-se insuportáveis e o altar do mundo é bem mais prazeroso que a Cruz de Cristo. Não podemos julgar cada caso, mas também não podemos deixar de enfrentar esse desafio da nossa igreja tão severa em defender a questão do vínculo. Esta verdade precisa permear as nossas lideranças, que conseguem tanto sucesso nas carreiras, mas não na família. Quantos líderes que deveriam servir de modelo para o povo não conseguem dar exemplo de vida sadia em família...
Fica difícil ensinar que, às vezes, é preciso perder, para Deus ganhar, especialmente neste tempo em que, até em nossos púlpitos, só se fala em “vitória”, em “tomar posse”, quando sabemos que casar é “abrir mão”... O sentido de posse é diferente. O verbo ter sugere posse, a expressão “ser de...” garante entrega. No casal um vive no outro. São um só, como o mistério da Santíssima Trindade. É este Grande Mistério que dá sentido ao pequeno mistério que é a família.
Precisamos ser uma Igreja de casais e sacerdotes convictos. Muito do que nós perdemos nestes últimos tempos foi porque não tivermos coragem de falar o que deveria ser falado. Não entrar nas ondas do mundo, como fazem os pescadores espertos.
A Familiaris Consortio fala deste mistério da inseparabilidade. Porque os dois são humanos e como avião com dois pilotos sempre precisa de correção de rota, o diálogo é tão necessário. A grande luz, ou o Grande Outro, nos ensina a respeitar a grandeza do outro. Oremos para que a maioria consiga e aí o sonho de Jesus terá se concretizado: “Que eles sejam um como eu e tu o pai somos um.”. (Jo 17) Não se consegue isso sem o dialogo aprendido desde criança no colo do pai e da mãe.
Concluo com esta música baseada num casal real que soube viver a religião na simplicidade do seu lar.


Casinha de ribeirão
Pe. Zezinho, scj

Numa casinha pequenininha
Pertinho do ribeirão
Um casalzinho já bem velhinho
Vivia de recordação

Oitenta anos de vida, sessenta de união
Seis filhos e vinte netos
Todos eles um só coração

Ela a cuidar do seu bem
E ele cuidando também
E os descendentes cuidando de quem
A vida inteira por eles viveu

E na casinha do ribeirão
Quem governava era a religião

Numa casinha pequenininha
Pertinho do ribeirão
O Vô Francisco e a Vó Tereza
Viviam de oração
Ouvindo rádio tranqüilos, imersos na oração
Oravam pela família
Unida pela religião

Ela a orar por seu bem
E ele por ela também
Filhos e netos orando por quem
A vida inteira por eles orou

E na casinha do ribeirão
O amor de Deus foi quem os motivou

Lá na casinha pequenininha
Pertinho do ribeirão
Chegou a hora de vô Francisco
Partir sem hesitação
Chamou os filhos e filhas
E netos ao seu redor
E anunciou que partia em busca do Criador...

Deu seu recado final
Fez uma prece total
Filhos e netos fazendo oração
Naquela casa não há solidão

E na casinha do ribeirão

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